sábado, 2 de novembro de 2013

 A RELIGIOSIDADE DOS CIGANOS : O  ROM CALON DO RIO GRANDE DO NORTE.

            Despertar historicamente a diversidade é mais do que uma necessidade, trata-se na primeira década do século XXI de uma ação política Assumir as diferenças nos transporta a questões da nossa memória histórica e de como participamos conscientemente dessa história. No dia 25 de maio de 2006 Luis Inácio Lula da Silva instituiu o decreto dando ao povo cigano o Dia Nacional do Cigano.
            No dia que se saúda os mortos, me vem a lembrança os ritos e simbologias que envolvem a morte para o povo cigano. Não se fala do nome de quem morreu,  não se disputa o que dele foi deixado, se distanciam de habitações, se despedem das fotografias e se desfazem das roupas de quem já partiu.
            A religiosidade cigana em território brasileiro está intrinsecamente ligada ao sincretismo religioso e a miscigenação étnica cultural de todos os povos que aqui estiveram. Mais algo é esclarecedor : a noção de bens matérias que para a sociedade majoritária tem muito valor , para eles valor nenhum tem.
            O que prevale mesmo é o que já foi constatado pela maioria dos pesquisadores. Nos primórdios dessa relação cigano/gajon o que é conceito unânime é o maniqueísmo do bem e do mal:: Duvel X Beng e a essa dualidade a cada diáspora novos ritos simbólicos são agregados.
            No Rio Grande do Norte todos os ciganos acreditam em Duvel e valorizam seus antepassados. Pratica comum segundo constato em TODOS OS CIGANOS que magnificamente resistiram a uma das piores perseguições étnicas da história da humanidade. Não posso comparar com o povo judeu que enquanto eram expulsos os ciganos das fronteiras dos territórios medievais, os judeus faziam parte de uma classe que se iniciava: a dos burgueses, porque para a Igreja Católica quem trabalhava com “usura” era impuro e foram dados aos judeus os serviços de lucros e bancos iniciados no contexto dos burgos.
            A fé tem uma origem também regional: no Rio Grande do Norte Frei Damião é reverenciado. Gonzaga liderança de Macau disse certa vez o seguinte: “A gente teve muito contato com ele e pode ver os milagres que ele operou, o homem era um profeta, um santo, um sábio”, conta Gonzaga, que recorda um caso contado pelo seu avô, Francisco Alves: “Há muitas décadas, meu avô encontrou o Frei, conversou e perguntou pra ele: meu pai, a gente vai se encontrar novamente? Damião disse: se preocupe não, a gente ainda vai se ver em Macaíba. Não deu outra: dez anos depois, meu avô chegou nesse local com o grupo dele, nem lembrava mais da conversa e escutou que Frei Damião estava chegando na cidade. Se viram e a profecia foi cumprida. São muitos os milagres desse homem”.
Há uma peregrinação cigana também no santuário das Meninas das Covinhas onde a história de uma família de retirantes que morrem sem alcançar seu território se mescla a condição de desigualdade e injustiça social que ainda vivem os Ciganos no Rio Grande do Norte. Na data da morte das meninas da Covinha chegam Ciganos de todo o Rio Grande do Norte. Acampam nas proximidades do Santuário e agradecem as “Santas” a sobrevivência de cada cigano em um mundo que cada vez mais separa democraticamente o que não é igual. A Cigana Dudu Targino disse antes de sua partida: as meninas da Covinha me socorreram diversas vezes quando eu mais não tinha a quem recorrer. É a fé de quem por toda a sua vida viveu todo tipo de injustiça e incerteza.


Desejo a todos os Ciganos do Mundo a fé inabalável e a certeza de que: "entre o céu e a terra paira soberano o povo ROMA “

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