A RELIGIOSIDADE DOS CIGANOS : O ROM CALON DO RIO GRANDE DO NORTE.
Despertar
historicamente a diversidade é mais do que uma necessidade, trata-se na
primeira década do século XXI de uma ação política Assumir as diferenças nos
transporta a questões da nossa memória histórica e de como participamos
conscientemente dessa história. No dia 25 de maio de 2006 Luis Inácio Lula da
Silva instituiu o decreto dando ao povo cigano o Dia Nacional do Cigano.
No
dia que se saúda os mortos, me vem a lembrança os ritos e simbologias que
envolvem a morte para o povo cigano. Não se fala do nome de quem morreu, não se disputa o que dele foi deixado, se
distanciam de habitações, se despedem das fotografias e se desfazem das roupas
de quem já partiu.
A religiosidade
cigana em território brasileiro está intrinsecamente ligada ao sincretismo
religioso e a miscigenação étnica cultural de todos os povos que aqui
estiveram. Mais algo é esclarecedor : a noção de bens matérias que para a
sociedade majoritária tem muito valor , para eles valor nenhum tem.
O
que prevale mesmo é o que já foi constatado pela maioria dos pesquisadores. Nos
primórdios dessa relação cigano/gajon o que é conceito unânime é o maniqueísmo do
bem e do mal:: Duvel X Beng e a essa dualidade a cada diáspora novos ritos simbólicos
são agregados.
No
Rio Grande do Norte todos os ciganos acreditam em Duvel e valorizam seus
antepassados. Pratica comum segundo constato em TODOS OS CIGANOS que
magnificamente resistiram a uma das piores perseguições étnicas da história da
humanidade. Não posso comparar com o povo judeu que enquanto eram expulsos os
ciganos das fronteiras dos territórios medievais, os judeus faziam parte de uma
classe que se iniciava: a dos burgueses, porque para a Igreja Católica quem
trabalhava com “usura” era impuro e foram dados aos judeus os serviços de
lucros e bancos iniciados no contexto dos burgos.
A
fé tem uma origem também regional: no Rio Grande do Norte Frei Damião é
reverenciado. Gonzaga liderança de Macau disse certa vez o seguinte:
“A gente teve muito contato com ele e pode ver os milagres que ele operou, o
homem era um profeta, um santo, um sábio”, conta Gonzaga, que recorda um caso
contado pelo seu avô, Francisco Alves: “Há
muitas décadas, meu avô encontrou o Frei, conversou e perguntou pra ele: meu
pai, a gente vai se encontrar novamente? Damião disse: se preocupe não, a gente
ainda vai se ver em Macaíba. Não deu outra: dez anos depois, meu avô chegou nesse
local com o grupo dele, nem lembrava mais da conversa e escutou que Frei Damião
estava chegando na cidade. Se viram e a profecia foi cumprida. São muitos os
milagres desse homem”.
Há
uma peregrinação cigana também no santuário das Meninas das Covinhas onde a
história de uma família de retirantes que morrem sem alcançar seu território se
mescla a condição de desigualdade e injustiça social que ainda vivem os Ciganos
no Rio Grande do Norte. Na data da morte das meninas da Covinha chegam Ciganos
de todo o Rio Grande do Norte. Acampam nas proximidades do Santuário e
agradecem as “Santas” a sobrevivência de cada cigano em um mundo que cada vez
mais separa democraticamente o que não é igual. A Cigana Dudu Targino disse
antes de sua partida: as meninas da Covinha me socorreram diversas vezes quando
eu mais não tinha a quem recorrer. É a fé de quem por toda a sua vida viveu
todo tipo de injustiça e incerteza.
Desejo
a todos os Ciganos do Mundo a fé inabalável e a certeza de que: "entre o céu e a
terra paira soberano o povo ROMA “
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