quinta-feira, 12 de março de 2009

Sobre América Latina


Deu no New York Times
Um repórter americano provou que Fidel Castro estava vivo


Depois que o grupo original de 82 rebeldes foi dizimado em dezembro de 1956, o regime de Fulgêncio Batista apressou-se em divulgar que Fidel Castro estava entre os 70 mortos. Acontece que o comandante- assim como o irmão Raul, Che Guevara, Camilo Cienfuegos e Huber Matos- escaparam do massacre. O ditador só foi desmentido quando o jornalista Herbert Mattews, do jornal The New Times, entrevistou Fidel no acampamento rebelde em Sierra Maestra, provando que o líder revolucionário estava vivinho da silva. O encontro entre os dois foi organizado pelo próprio Movimento 26 de julho (M-26-7). Para chegar às montanhas sem levantar suspeitas, o jornalista passou-se por fazendeiro americano à procura de bons negócios em Cuba. Durante a visita ao acampamento, no dia 16 de fevereiro de 1957, calculou que a força de Fidel era composta por cerca de 40 homens. Era uma ilusão de ótica. Na verdade, os rebeldes não passavam de 20. Anos mais tarde, o comandante explicaria o truque: ordenou aos guerrilheiros que trocassem de roupa constantemente e ficassem zanzando para cima e para baixo. Deu certo. “Na primeira página de um dos jornais mais importantes do mundo, Fidel pareceria duas vezes mais poderoso do que realmente era:” A personalidade do homem é cativante. “Foi fácil perceber que seus homens o adoram”, escreveu Matthews. “ Tem-se a sensação de que ele é invencível. Talvez não seja, mas essa é a fé que ele inspira em seus seguidores”.

A revolução do progresso



O progresso se acelera:
Se um cidadão romano do século I a.C, visitasse a Itália do século XV, ele não ficaria muito surpreso. Claro que, em dezesseis séculos, a moda teria mudado, mas as maneiras de fabricar ferramentas, de trabalhar a terra, de construir casas, de cozinhar os alimentos, de viajar, de se comunicar ( apesar da invenção da imprensa), de se cuidar não deveriam ser muito diferentes. Em compensação, se um parisiense de 1830 voltasse á sua cidade hoje, ele não a reconheceria. Em dois séculos sobretudo nos últimos cinqüenta anos, os progressos científicos transformaram a vida dos homens: transportes( aviões supersônicos, trem-bala),comunicações( telefone celular, internet), medicina ( diagnostico por imagens, genética, robótica), vida diária ( novos materiais, eletrodomésticos, congelados, novas fibras têxteis). Todo dia há uma serie de inovações, e milhões de pessoas no mundo( pesquisadores, engenheiros, técnicos) trabalham em novas invenções. Os riscos de tudo isso são tremendos, se o progresso traz mais bem estar aos homens, o desenvolvimento das ciências e das técnicas não acontece sem riscos. Riscos para o equilíbrio da natureza; riscos para o equilíbrio das sociedades, transformando radicalmente a forma de trabalhar, o progresso pode provocar desemprego para alguns e estresse naqueles que têm trabalho e precisam agir num ritmo cada vez mais rápido; riscos, enfim para o próprio homem, pois as novas descobertas na área da genética, que servem para curar algumas doenças, podem também conduzir a aventuras perigosas. Diante dos perigos que um progresso não controlado provocaria, os cientistas e os responsáveis políticos, adotaram a idéia de um principio de precaução, que exige que se reflita nas conseqüências de cada inovação.

sexta-feira, 6 de março de 2009

O século do vento: Retrato de um embaixador Imperial.

Retrato de um embaixador Imperial: No texto abaixo, o escritor uruguaio Eduardo Galeano ironiza a dominação norte-americana, em um retrato às vésperas da Revolução Cubana.

Earl Smith, embaixador do Estados Unidos, recebe as chaves da cidade de Santiago de Cuba. Enquanto transcorre a cerimônia e se derramam, caudalosos, os discursos, um clamor vem crescendo no outro lado das cortinas. O embaixador aparece secretamente na janela e consegue ver uma quantidade de mulheres vestidas de negro, que avançam cantando o hino nacional e gritando “liberdade. Os policiais as derrubam a cacetadas.
No dia seguinte, o embaixador visita a base militar norte-americana de Guantánamo. Depois percorre as minas de ferro e níquel de Freeport Sulphur Company, que graças aos seus empenhos acabam de ser exoneradas de impostos. O embaixador torna público o seu desgosto pelas cacetadas da policia, embora reconheça que o governo tem o direito de se defender da agressão comunista. Os assessores explicaram ao embaixador que Fidel é anormal desde a infância, depois de um tombo de motocicleta.
O embaixador, que foi campeão de boxe em seus tempos de estudante considera que é preciso manter a qualquer preço o general Batista. Batista jamais negará proteção a nenhuma coisa ou pessoa que seja dos Estados Unidos. Com Batista o poder no poder, os turistas podem escolher pela fotografia do avião uma linda mulata para o fim de semana. Havana é uma cidade norte-americana, cheia de maquinas caça-níqueis de Nevada e mafiosos de Chicago, com muitos telefones para pedir que alguém mande pedir um jantar quentinho no próximo vôo de Miami.

Galeano, Eduardo. O século do Vento.