quinta-feira, 7 de novembro de 2013

O RUMOR DAS DISTÂNCIAS ATRAVESSADAS: O LUGAR CIGANO E OS OUTROS LUGARES.
Carla Alberta Gonzalez

PALAVRAS CHAVES: Território. Ciganos. Temporalidades.

Quando falamos de nomadismo e mobilidade territorial estamos falando de populações deslocadas em massa, que povoam a história com suas sombras. Refugiados que se instalam em zonas de espera, zonas temporárias, acampamentos de transito. Jogados de uma terra para outra, homens, mulheres, crianças, velhos reduzidos a meros “lapsus” de tempo durante todo o processo de deslocamento.
O que se registra é que um deslocamento espacial não necessariamente é um deslocamento no tempo. O tempo para essas populações com situações urbanas particulares é meramente desarticulado. Os sedentários nômades ciganos.
Sempre é bom refletir sobre a natureza de uma população quando ela é separada de seu território: como é reduzida uma população quando ela é desvinculada de suas estruturas sociais e territoriais? Fica a proposta de uma reflexão provocativa para a histórica social e para os Direitos Humanos: como se preparam essas populações ciganas em transito dentro de seus territórios previamente delimitados a partir de suas necessidades econômicas e sociais?
Os homens, mulheres, barracas, tendas, as formas, a fogueira, o imaginário.. Tudo relativamente composto e decomposto para novos espaços e novos territórios. Um longo périplo, composto de tantas experiências múltiplas, hibridas e dinâmicas.
Convém então pontuar o confronto da cidade e de seus habitantes com essas múltiplas temporalidades cruzadas ao longo de toda essa permanência. E diante desse movimento existe um afetamento nas múltiplas experiências que é o próprio ritmo cronológico que envolve tanto movimento quanto perspectiva. Como, portanto se deslocam esses grupos muitas vezes composto de mais de cem pessoas com fortes laços de parentesco e como se assume esse grupo transportados em cada zona de espera.
Nesses períodos de espera, zonas temporárias, qual a singularidade das temporalidades e do transito do grupo em suas simbólicas estruturas de “cidade”, o acampamento é a cidade cigana em zona de espera.
Se vamos entender as populações ciganas hoje semi sedentárias temos que partir do movimento de deslocamento do próprio grupo nesses territórios de origem e de força social.
Este artigo, portanto vai transitar na teoria antropológica contemporânea que norteia o “lugar” com o “outro” e através dos rumores produzidos pelos grupos ciganos em todas as distâncias atravessadas vai mapear esses territórios e seus grupos:

“lugar que é território para a sociedade e é corpo para o individuo. Assinala-se desde já a possibilidade de (trans) figuração da abordagem ao lugar como se fosse corpo, pois ambos são espaços habitados onde as relações de identidade e alteridade não cessam de actuar”. ( Augé, 1999:141)  

Reescrever a história territorial dos Ciganos é contar também uma história de zonas de espera, de rupturas , de rejeição, de exclusão, de temporalidades múltiplas, nomadismo e sedentarismos. Sempre na margem antagônica das relações sociais e de poder repleto de multiplicidades nas relações do próprio grupo e do grupo com os gajons:tradição/renovação;fascínio/repulsa:unidade/fragmentação;coletividade/individualismo.
O movimento migratório é desmontado, transportado, instalado transitoriamente outra vez desmontado, transportado e novamente instalado temporariamente a cada entre lugar. A comunidade Cigana evolui transitoriamente sem jamais se dissolver. É preciso interpretar o possível e o provável dessas relações a partir dos indícios mais íntimos, dessas informações fragmentadas onde se forma as identidades dos grupos Ciganos e as imagens simbólicas construídas nestes longos périplos.




GT1- DIREITOS HUMANOS E POLITICAS DE INCLUSÃO E ACESSIBILIDADE.


segunda-feira, 4 de novembro de 2013

CARTA ABERTA  - III CONAPIR: a farsa da inclusão.

A diferença entre o historiador e o poeta, Sancho, é que o historiador conta-nos a historia como ela foi, e o poeta como ela deve ter sido (Cervantes)

Venho através de este denunciar um acontecimento no Rio Grande do Norte.  A plenária que ocorreu aqui no dia 30 de agosto de 2013 e que não FOI  homologada PORQUE NENHUM DOCUMENTO FOI ENVIADO, SOUBE DENTRO DA OAB HOJE e vou expor aqui meus argumentos que tenho certeza serão de suma importância para a compreensão de tudo que ocorreu aqui no Rio Grande do Norte.
Nas conferencias REGIONAIS FORAM 05 ciganos eleitos delegados EM  Apodi e João CâmarA.. Ao todo 09 delegados. Entre Parnamirim , João Câmara e Apodi..
Essa dita plenária ocorreu dois dias antes da então marcada Conferência Estadual no Rio Grande do Norte, na capital de Natal , o cancelamento decretado em diário Oficial da Governadora do Estado.
No dia da Conferência Regional os ciganos de Apodi e Macau participaram e fizeram parte da mesa dando seus depoimentos e se fazendo conhecer através de suas lideranças para o Estado Brasileiro e para o Estado Norte-Riograndense ( este jamais esteve no Rancho de Apodi)   que através da Seppir  reconhece os seus direitos e suas identidades projetando portando para as políticas públicas as demandas de cada comunidade cigana do Brasil.
Acho extremamente importante esse movimento principalmente quando trata de apoderar os ciganos de rancho (aqui não somente me referindo a barracas) semi sedentários ( como é o caso do RN) que precisam ter suas falas escutadas pelo governo. Portanto a fala sempre terá que ser do cigano. Muito me preocupa a entrada de não ciganos no movimento que bem recente ainda toma forma e cor.
Principalmente porque nas duas comunidades que ficaram de fora por uma eventualidade terrível e uma falta de organização total de quem após o decreto do cancelamento tomou as rédeas, a sociedade cível, que a meu ver não participou do processo iniciado nas Conferências Regionais, portanto que nenhuma competência teria para isso. 


Foram convocados ( os delegados de Apodi e Macau)  para a plenária do dia 30, NO DIA 29 ÀS NOVE HORAS DA NOITE,  onde existem DUAS ESCOLAS DE ALFABETIZAÇÃO DOS CIGANOS: ESCOLA AMÉLIA TARGINO EM APODI E ESCOLA GONZAGA CARNAÚBA EM MACAU cuja AS DUAS PROFESSORAS SÃO CIGANAS: GLAUBIA CALIN E MONALIZA CARNAÚBA. DIANTE DA CONFIRMAÇÃO DA PLENÁRIA FEITA POUCAS HORAS ANTES DE SE REALIZAR FICOU inviável o comparecimento,  que não foi previamente orquestrado e organizado para a ida do povo Calon.
MACAU FICA A DUAS HORAS DE DISTÂNCIA ( DE TAXI LEVA 03 HORAS)  E APODI A CINCO HORAS DE DISTÂNCIA. SEQUER TAXI CONSEGUIRIAMOS AQUELA ALTURA DOS ACONTECIMENTOS.

Acho extremamente “perigoso” para a inclusão dos Ciganos uma plenária sem nenhum aval jurídico ( se não havia todos presentes, isto é se não havia “importância “ porque então os custos para o Estado das Regionais ? e porque foram as comunidades convocar o povo tradicional ?  )  , sem a presença dos DELEGADOS ELEITOS NAS REGIONAIS e com uma mesa conduzida por uma pessoa que foi condenada por apropriação indébita e falsidade ideológica. Uma afronta as etnias que não puderam estar presentes como os Delegados Ciganos de Macau e Apodi e os Indígenas que também não estiveram presentes pelo mesmo motivo ( apenas 3 ) e a população jovem cujo nenhum delegado participou.
O cancelamento do Evento em Natal-RN e falta de organização para o transporte da maioria deles de seus municípios para a capital com informações desencontradas de quem tomou as rédeas da situação é o maior engodo da inclusão.
A única comunidade Cigana que participou foi a de Parnamirim, cujo líder é também delegado, Não houve outra presença de delegados eleitos nas Regionais CIGANOS. Quero lembrar que Parnamirim FICA A 15 MINUTOS DE NATAL, portanto por esse motivo estiveram presentes.
É inaceitável uma situação dessas, onde Macau e Apodi ficaram de fora mediante um golpe extremamente orquestrado para que alguns não participassem. É exatamente isso que o povo CIGANO ELEITO nas regionais está convicto.
É lamentável ter elaborado esta carta para expor situações que a meu ver beira a loucura onde o Estado Brasileiro apesar de suas tentativas de inclusão ainda desconhecem por completo a COMPLEXIDADE DO POVO CIGANO e mais perigoso ainda, desconhecem totalmente o movimento que não é circular dos MOVIMENTOS SOCIAIS.

sábado, 2 de novembro de 2013

 A RELIGIOSIDADE DOS CIGANOS : O  ROM CALON DO RIO GRANDE DO NORTE.

            Despertar historicamente a diversidade é mais do que uma necessidade, trata-se na primeira década do século XXI de uma ação política Assumir as diferenças nos transporta a questões da nossa memória histórica e de como participamos conscientemente dessa história. No dia 25 de maio de 2006 Luis Inácio Lula da Silva instituiu o decreto dando ao povo cigano o Dia Nacional do Cigano.
            No dia que se saúda os mortos, me vem a lembrança os ritos e simbologias que envolvem a morte para o povo cigano. Não se fala do nome de quem morreu,  não se disputa o que dele foi deixado, se distanciam de habitações, se despedem das fotografias e se desfazem das roupas de quem já partiu.
            A religiosidade cigana em território brasileiro está intrinsecamente ligada ao sincretismo religioso e a miscigenação étnica cultural de todos os povos que aqui estiveram. Mais algo é esclarecedor : a noção de bens matérias que para a sociedade majoritária tem muito valor , para eles valor nenhum tem.
            O que prevale mesmo é o que já foi constatado pela maioria dos pesquisadores. Nos primórdios dessa relação cigano/gajon o que é conceito unânime é o maniqueísmo do bem e do mal:: Duvel X Beng e a essa dualidade a cada diáspora novos ritos simbólicos são agregados.
            No Rio Grande do Norte todos os ciganos acreditam em Duvel e valorizam seus antepassados. Pratica comum segundo constato em TODOS OS CIGANOS que magnificamente resistiram a uma das piores perseguições étnicas da história da humanidade. Não posso comparar com o povo judeu que enquanto eram expulsos os ciganos das fronteiras dos territórios medievais, os judeus faziam parte de uma classe que se iniciava: a dos burgueses, porque para a Igreja Católica quem trabalhava com “usura” era impuro e foram dados aos judeus os serviços de lucros e bancos iniciados no contexto dos burgos.
            A fé tem uma origem também regional: no Rio Grande do Norte Frei Damião é reverenciado. Gonzaga liderança de Macau disse certa vez o seguinte: “A gente teve muito contato com ele e pode ver os milagres que ele operou, o homem era um profeta, um santo, um sábio”, conta Gonzaga, que recorda um caso contado pelo seu avô, Francisco Alves: “Há muitas décadas, meu avô encontrou o Frei, conversou e perguntou pra ele: meu pai, a gente vai se encontrar novamente? Damião disse: se preocupe não, a gente ainda vai se ver em Macaíba. Não deu outra: dez anos depois, meu avô chegou nesse local com o grupo dele, nem lembrava mais da conversa e escutou que Frei Damião estava chegando na cidade. Se viram e a profecia foi cumprida. São muitos os milagres desse homem”.
Há uma peregrinação cigana também no santuário das Meninas das Covinhas onde a história de uma família de retirantes que morrem sem alcançar seu território se mescla a condição de desigualdade e injustiça social que ainda vivem os Ciganos no Rio Grande do Norte. Na data da morte das meninas da Covinha chegam Ciganos de todo o Rio Grande do Norte. Acampam nas proximidades do Santuário e agradecem as “Santas” a sobrevivência de cada cigano em um mundo que cada vez mais separa democraticamente o que não é igual. A Cigana Dudu Targino disse antes de sua partida: as meninas da Covinha me socorreram diversas vezes quando eu mais não tinha a quem recorrer. É a fé de quem por toda a sua vida viveu todo tipo de injustiça e incerteza.


Desejo a todos os Ciganos do Mundo a fé inabalável e a certeza de que: "entre o céu e a terra paira soberano o povo ROMA “

AUDIÊNCIA PÚBLICA DA COMUNIDADE CIGANA DE APODI- 22 DE MAIO DE 2013. 

Primeiro documento genuinamente de ordem política em uma orientação territorial e reconhecimento de grupo no Estado do Rio Grande do Norte.

Os DIREITOS E ACESSOS DOS CIGANOS CALONS DE APODI – RN- TERRITÓRIO, SAÚDE E EDUCAÇÃO. São os pontos temáticos que a historiadora Carla Alberta e em conjunto com o Vereador  Genivan Varela do PC do B na presença das lideranças Ciganas promove no dia 22 DE MAIO DE 2013 as 09 horas em Apodi. .O Objetivo da audiência é debater os Direitos e Acessos dos Ciganos. Direito ao território, Direito á saúde e Acesso á Educação. A partir dos encontros e desencontros da aproximação com os Ciganos do Rio Grande do Norte tem-se uma necessidade de uma AFIRMAÇÃO em uma perspectiva mais abrangente, de pensar o cigano como uma NEGATIVA. O maior problema do povo cigano não é somente a discriminação étnica, mas é principalmente a NEGATIVA, se nega vergonhosamente, o acesso do povo Cigano as estruturas curriculares Educativas do Brasil e principalmente os DIREITOS as Políticas Publicas adotadas pelo Estado Brasileiro.

                Nos anos de 1953 e 1954 chegaram na cidade de Apodi -rn os ciganos montados em suas mulas e cavalos animais que eram usados como meio  de transporte e meio de vida.  Francisco Fonseca ,o Arruda ,Valdevino e a turma de Zé Garcia, arrancharam-se nas fazendas de Raimundo Simplício, Lucas pinto,Julio Marinho ,fazendeiros que davam apoio aos ciganos juntamente com as lideranças da cidade de Apodi prefeito Isauro Camilo,e o prefeito Valdemiro eram pessoas boas pra cigano segundo a oralidade do grupo .Arribavam de Apodi em direção a Paraíba , Catolé do Rocha ,Olho D água  dos Maias,chegando a conhecer os Maias arranchando-se na fazenda de José Sergio Maia , e na fazenda de Dr. João Agripino homens bons protetores de ciganos elogia o chefe dos Ciganos de Apodi .Em Olho d água dos maias o fazendeiro Francisco Fonseca registrou Djalma com o seu próprio nome FRANCISCO FONSECA.No ano de 2000 Djalma e sua turma se fixaram em Apodi e vivem até hoje.



                                

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

A REVISTA VEJA:  O MAIOR DRAB DA HISTÓRIA JORNALISTICA DO BRASIL

 Não é nenhum segredo para nenhum brasileiro a pouco e quase nenhuma informação que é vinculada por este meio de comunicação criado nos anos de chumbo da ditadura militar brasileira.
Formatada para alienar o povo brasileiro e para difundir no mercado a moral que não prima pela ética e que nunca promoveu o conhecimento.

Todos sabem.
Mas ela continua 45 anos depois resistente.  Porque lamentavelmente tem publico para isso. E que caminha o Brasil alheio a democratização da Educação e da construção política do brasileiro porque ainda se permite a invasão de duas potencias do mau: a rede globo e a revista veja.

Exemplo que afronta a ética, suas publicações beiram o mau gosto e desinformação destituindo e colocando em xeque  inclusive Academias de onde os jornalistas saem , ficamos com aquela pergunta que não quer calar : que tipo de profissional está se formando no Brasil?

A missão Institucional do Jornalismo é pisoteada todas as semanas. Religiosamente. E o povo brasileiro é ridicularizado. Todos os dias. 

Perseguições que envolvem os Povos Ciganos estão no entre lugar dos preconceitos, dos prévios juízos de valores , um arsenal de estereótipos e profundas discriminações. Conceitos esses, legitimados em todo o processo de formação Nacional.

É inaceitável que no século XXI  discursos que formam discernimento e juízo de valor  ainda sejam carregados de injuria e racismo. Não li a matéria da VEJA – 2345 NEM VOU LER. 

MAS RESPONDO A PERGUNTA DO TAL  JORNALISTA SABINO:
SIM EU OS TERIA COMO VIZINHOS!
E EU PERGUNTO AO POVO BRASILEIRO:

QUANTO VALE A LIBERDADE DE IMPRENSA NESSA NAÇÃO? 


NA TRILHA DOS CIGANOS: QUAIS OS INVESTIMENTOS QUE TERÃO ACESSO OS CIGANOS BRASILEIROS NA COPA DO MUNDO DE 2014?

Projeto de investigação jornalística, o segundo que irá envolver os Ciganos do Rio Grande do Norte, que tem como principal objetivo promover o conhecimento e a visibilidade. Minorias étnicas que ainda não possuem de fato seus direitos adquiridos e que ainda lutam por políticas públicas especificas  que levem a promoção da Igualdade social e da Inclusão.
A realização da COPA DO MUNDO com toda a certeza não abrirá para essas demandas dentro das comunidades ditas tradicionais.

É necessário que haja projetos que envolvam esses atores em um evento que impulsionará milhões de dólares e que possivelmente pouco deixará para a promoção da Igualdade Social e para o desenvolvimento pleno dessas comunidades.


Revista Continente de março de 2013 , que traz na capa um especial sobre os ciganos, grupo marcado por estereótipos que pouco correspondem à sua realidade marginalizada. A maior reportagem sobre os CIGANOS DO RIO GRANDE DO NORTE. 
A matéria mostra a realidade nas comunidades ciganas do RN e os anseios de suas respectivas lideranças. 


III COLÓQUIO NACIONAL HISTÓRIA CULTURAL E SENSIBILIDADES
18 A 22 DE NOVEMBRO DE 2013
UFRN-CERES – CAICÓ
CARTA DE ACEITE

A Comissão Científica do III COLÓQUIO NACIONAL HISTÓRIA CULTURAL E SENSIBILIDADES avaliou o trabalho intitulado “DILIPEN: os territórios, os ciganos e o lugar-comum”, de autoria de Carla Alberta Gonzalez e o considerou aprovado. A apresentação ocorrerá no dia 20.11.13, a partir das 14h (a sala será informada no momento de seu cerdenciamento).
Relembrando que só serão publicados nos Anais os trabalhos que forem apresentados no evento.
O texto completo para publicação poderá ser enviado até 16.12.13.
Caicó (RN), 24 de outubro de 2013.
Prof. Dr. Lourival Andrade Júnior
Coordenador Geral do III Colóquio Nacional História Cultural e Sensibilidades
UFRN-CERES-Caicó



Pensar o Cigano do século XXI é torná-lo sujeito de sua própria história.
A história da formação de um Cigano politicamente engajado no Rio Grande do Norte terá como base duas comunidades onde esses documentos já são uma orientação política e jurídica para a construção do espaço territorial que vai além da auto declaração identitária do grupo. 


Escola Gonzaga Carnaúba – Macau RN

O processo ensino-aprendizagem é bilateral e coletivo, portanto é necessário que se estabeleça uma parceria entre todos os envolvidos. No inicio do século XXI o Brasil é um dos campeões mundiais da desigualdade social e da falta de uma identidade que proporcione ao brasileiro uma consciência de tudo que ocorre a sua volta. O que vemos hoje é uma banalização de costumes e valores . Chega de. Democrática na aparência, a sociedade brasileira ainda é essencialmente cruel e autoritária. Nosso conceito de democracia é extremamente limitado, restrito principalmente ao plano jurídico, expressando-se em frases pomposas, como : todos são iguais perante a lei ou todo cidadão tem direito ao voto . No fundo a democracia não chegou a vida cotidiana da população.
Não democratizamos o acesso ao saber, a riqueza, a saúde , as condições materiais mínimas para uma vida digna . Vivemos na pratica um grande apartheid social. De um lado , uma elite ostentando um padrão de vida de primeiro mundo e usufruindo os direitos democráticos . De outro lado, uma enorme massa de e excluídos. 


O tema gerador, portanto partiu da própria comunidade, onde abordamos todos os dias a Identidade e a valorização da etnia cigana no mundo contemporâneo e no espaço geográfico do Rio Grande do Norte. 
Todos os debates seguiram a metodologia do aprendizado e da visão de mundo de cada educando, onde o tema a ser trabalhado sempre gerava em políticas publicas e o reconhecimento da Identidade Cigana na sociedade. 

A identidade cigana é processo linguístico, onde a união da cultura está na língua:
    O caló chamado também de calão ou romano é uma língua mista de base gramatical espanhola e variantes do vocabulário romani. falado pelos ciganos calons registrado desde o seculo XVIII  junto com o calão português-brasileiro,o romani catalão e o erromitxela basco. forma o grupo ibérico da língua romani quem em contato com as línguas vernáculas como o castelhano,catalão e português se fragmentou  primeiro em dialeto e finalmente em língua neo romani classificada pelos especialistas em para-romani.


Toda a construção linguística dos Ciganos brasileiros se dá através da oralidade.  


Em cima do único elo da história dos caminhantes, se desenvolveu a temática das ações políticas em prol das comunidades ciganas de todo o estado, e através destas políticas subtemas como: saúde, habitação, alimentação, educação, felicidade, família, amor, trabalho, higiene, diversão, viagens foram trabalhados incansavelmente através de todas as aulas dialogadas. 

Constata-se a priori que a comunidade deseja sua história respeitada através de eventos que culminem na Cidadania e na Identidade do povo Cigano.  Observa-se que muitos problemas sociais se agravam na questão da Identidade e das Políticas Púbicas que legam ao desconhecimento e a indiferença a causa cigana numa sociedade urbanizada e territorializada. 

“se na verdade, o sonho que nos anima é democrático e solidário, não é falando aos outros, de cima para baixo, sobretudo, como se fôssemos os portadores da verdade a ser transmitida aos demais, que aprendemos a escutar, mas é escutando que aprendemos a falar com eles. Somente quem escuta pacientemente e criticamente o outro, fala com ele, mesmo que , em certas condições, precisei falar a ele”( Paulo Freire, Pedagogia da Autonomia, 1997)




A dança Cigana apresentada por Ciganas : uma alegria imensa ver uma criança calin dar um show. O resgate cultural faz parte da Escola Amélia Targino.

O MOVA BRASIL em parceria com a professora Carla Alberta participa a todos que a tradição Cigana é respeitada. Se faz conhecer e é autônoma.



sobre academias ...

A primeira grande preocupação a que sempre me leva a reflexão é de que: Primeiro a falta absoluta de uma bibliografia que realmente elucide a questão cigana no Brasil e quiçá no mundo. Os que escrevem são sempre gajon que partem de uma problemática micro e sabemos que entender toda complexidade dos povos ciganos requer muito mais que um simples olhar e apenas uma questão emblemática. Segundo é um desastre: levar a estudos orientações por vezes pessoais de alguns orientadores, que na maioria das vezes desconhecem o tema. É importante que o orientando tenha personalidade suficiente para impor sua pesquisa e acima de tudo QUE ELE TENHA INTIMIDADE COM o que se propôs a desenvolver. Do contrario será a perspectiva do outro que irá se manifestar em todo o seu trabalho, levando ao que já sabemos: erros grotescos. E por fim que tenha as pessoas a consciência de que não é somente ler os que nos antecederam (e graças a Duvel eles existiram) abrindo o véu do desconhecimento em relação à população cigana: é necessário acima de tudo ter essa ligação com as populações ciganas que estão inseridas no universo de quem se propõe. Porque a cada espaço temporal territorial esses laços mudam por vários e vários fatores. E que fique esse trabalho que será desenvolvido não isolado nos muros acadêmicos, mas que eles saltem desses muros para transformar e contribuir a realidade dessas populações que na maioria das vezes vivem um isolamento social e econômico. O que se escreve não é para a posteridade: é para a transformação do presente: somente dessa forma transformando o presente se manterá invicto para as gerações futuras. Do contrario fica o mote das pesquisas que para nada servem: “a importância do galho seco na atividade lúdica do macaco"

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Objetivo do Blog

O principal objetivo do blog é a formação de um grupo de pesquisa e ações afirmativas direcionadas as populações Ciganas do Rio Grande do Norte restabelecendo as fronteiras da memória histórica nos grupos que ainda resistem em todos os municípios do RN.
Pontuar historicamente os Ciganos Calons do Estado nos trás uma reflexão de uma história invisível, apagada pelas ditaduras sociais e políticas de exclusão em todos os processos pelo qual passou a nossa Nação: dos primórdios da colonização a luz que se visualiza no século XXI de uma luta pelo apoderamento da identidade de cada cigano que resistiu bravamente a todo histórico econômico, político e cultural que desarticulou todas as etnias que formaram a Nação Brasileira.



As ações afirmativas dentro dos  territórios Ciganos buscando o apoderamento étnico:

Articulações do Projeto de Pesquisa e da Ação Social.

Documentários:

Vida Cigana- comunidade de Nova Natal ( TV Câmara) 2010
Escola Gonzaga Carnaúba – Macau ( TV União) 2012
Escola José Garcia- Nova Natal ( Instituto Paulo Freire) 2011
Prêmio Ministério da Cultura. - 2010
A Escola como cidadania e reconstrução- Escola José Garcia ( rancho de Nova Natal)- R$ 10.000,00 – Liderança Antonio Charuto
Tributo a Garcia Lorca- Fernando Kalon ( Santa Rita) – R$ 10.000,00
Escolas de Alfabetização – Mova e PPDCE
2010-
Escola José Garcia- Nova Natal
2011
Escola José Garcia – Nova Natal
2012
Escola Gonzaga Carnaúba – Macau
2013  ( projetos confirmados)
Escola Gonzaga Carnaúba – Macau
Escola Amélia Targino – Apodi
(professores ciganos).
Publicações / periódicos
04 publicações em Cuba- na Universidade de Habana- CUBA .
Mais de 20 publicações Nacionais em Congressos
Reportagem sobre os Calons do RN REVISTA CONTINENTE: 
www.revistacontinente.com.br   ( edição de Março)
Ações políticas:
2012
Construção do Projeto da Vila Cigana Dilipen – desenho de Alcides Sales e projeto de Carla Alberta .
2013-
Audiência Pública em Apodi- RN onde foi votada por unanimidade a construção da Vila Cigana. 
Audiência Pública em Macau – RN onde foi votada por unanimidade a Construção da Vila Cigana
Plenária em Macau na Câmara de Vereadores onde toda a comunidade Cigana esteve presente
Introdução do SEBRAE nas comunidades de Macau em 2012 e este ano em Apodi com a perspectiva de cursos para todos os ciganos.
Construção de um relatório antropológico em andamento- respaldar os direitos políticos e territoriais do povo cigano no RN.

quinta-feira, 30 de maio de 2013

Requerimento 168/2013- APODI entregue a liderança cigana Djalma


Somos não apenas cegos á cultura do outro, mas somos míopes em relação á nossa própria cultura. A excelência da vivência da alteridade nos faz crer que nem teríamos conseguido imaginar, dada a nossa dificuldade em fixar nossa direção no que nos é habitual, familiar, cotidiano e que consideramos “evidente”.

Evidente é sem dúvida a luta cigana. evidente e justa. Recorrente e resistente

Requerimento 168/2013- APODI entregue a liderança cigana Djalma

“requer do poder público viabilizar construção do conjunto habitacional cigano, proporcionando premiar a classe de nossa cidade."